O rei de sal (Cracóvia-foto de Risto Hänninen) |
“A visão trágica da literatura grega gira em torno deste paradoxo profundo: o acontecimento mais esperado, mais ligado à lógica interna da acção, é também o mais surpreendente.”
George Stein (“Depois de Babel”)
Por que será assim? Mas esperado não quer dizer que o seja consciente ou pacificamente.
É assim a morte para cada um, que todos esperam, sem que ninguém saiba quando nem como vem. Outra coisa é a lógica dos nossos actos, cujas consequências não podemos inteiramente determinar, mas que importam uma necessidade até certo ponto legível.
O que acontece é que sem a capacidade de nos iludirmos a nós mesmos e de fabricarmos os nossos próprios mitos definharíamos de realidade, ante o rosto de medusa da morte e a vertigem da responsabilidade absoluta.
Não podemos olhar directamente sob pena de nos tornarmos em estátuas de sal.
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