MC Escher |
"O conceito chave da retórica é a divisão: os homens são divididos e raciocinam transferindo para os seus conceitos as suas oposições e as suas diferenças; donde a retórica que lhes é 'natural', e que visa a restabelecer a identidade."
(Michel Meyer, sobre Kenneth Burke)
Como se percebe, esta opinião vai muito para além do ornamento literário que "em vez de seguir a forma, se torna ele próprio forma" (Alain). Como se a 'arte da eloquência" dependesse da divisão ali enunciada? Como se o interesse do auditor fosse estimulado por esse início de paixão, esse antagonismo larvar.
A tese é a de que a nossa identidade não é o fruto natural da igualdade dos indistintos, mas das 'oposições e diferenças' que estabelecemos com os nossos semelhantes.
As civilizações orientais têm, certamente, uma outra matriz, na qual o indivíduo é muito menos solicitado a lutar pela sua identidade do que a fundir-se numa identidade maior.
Mas imaginar que existe, na linguagem ocidental, um 'a priori' agonista (Chantal Mouffe) de natureza pré-política leva-nos a pensar que esse 'a priori' deve ter sido adquirido muito antes do capitalismo.
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