" A adaptação a uma nova situação, boa ou má, consiste em grande parte em pensar cada vez menos nela."
(Daniel Kahnman)
Quase nunca um novo factor se apresenta como um problema de adaptação; adaptamo-nos, pouco a pouco, sem pensar nele. É o processo 'natural', o da 'evolução das espécies.
Mas, é claro que, por exemplo, a 'engenharia social' pode colocar um problema de adaptação (às vezes traumático) de que em princípio deveríamos ter consciência. O que acontece é que quase nunca controlamos as consequências (daí Karl Popper aconselhar a 'pequena cirurgia').
A 'grande cirurgia', sendo muito mais arriscada, como a de Lenine ou a de Gorbatchov, se nos esquecermos dos enormes sacrifícios que representaram, neste caso, para o povo russo, é uma grande oportunidade para o conhecimento humano.
A adaptação de uma sociedade maioritariamente rural ao lema dos 'sovietes mais a electricidade' foi uma epopeia e, ao mesmo tempo, uma catástrofe humanitária, que acabou por 'sovietizar' o campesinato com uma religião materialista. Pelo seu lado, a 'Perestroika" do mais célebre 'aprendiz de feiticeiro' dos tempos modernos, trouxe um caos que em nada fica atrás, em custos humanos, do que foi causado pelo regime do czar ou da revolução bolchevique, antes de Estaline.
Todos sabemos por experiência própria que, na maioria dos casos, somos capazes de nos adaptar a uma situação nova, tanto melhor quanto menos ela exigir que pensemos nela.
Segundo o fresco impressionante do último Nobel da Literatura, pensar no destino da Rússia tornou-se cada vez mais um sintoma de desadaptação. Não pensar nisso tornou-se completamente impossível, sem beber a alma até à borra.
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