quarta-feira, 25 de novembro de 2015

LÁZARO


(Giotto)

"O último dos mendigos tem sempre qualquer coisa de supérfluo! Reduza-se a natureza às necessidades da natureza e o homem é um animal."

(Shakespeare, citado por Lipovetsky)

Mas o homem é quem julga a natureza porque a cria à sua imagem. Não, evidentemente, o que 'está por detrás' da nossa ideia da natureza, mas a ideia mesma.

O 'supérfluo' é, neste caso, o essencial. 'O último dos mendigos', por muito perto que esteja de cair na natureza, é ainda o juiz da sua decadência.

'É isto um homem?', o grito de Primo Levi, só pode ter uma resposta afirmativa. O 'supérfluo' resistiu à aniquilação e escreveu a obra que é um desmentido da natureza.

Mas em muitos casos, se desmentido houve, temos de evocar a figura de Lázaro...

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