"Todas as obras de arte, diz Adorno, e a arte em geral são enigmas. (...) mas o carácter enigmático não constitui a última palavra das obras; pelo contrário, toda a obra autêntica propõe igualmente a solução do seu enigma insolúvel."
(Michel Meyer)
Em primeiro lugar, temos de admitir o enigma que existe entre o corpo e a pessoa do artista e a sua produção artística. É certo que ele próprio não conhece essa 'alquimia'. Mas esta condição não é específica da arte. Não conhecemos as características nem a dimensão do 'input'. Quanto ao 'output', podemos aplicar-lhe as grelhas (e gralhas) de leitura que quisermos. O estilo de um pintor como Picasso, por exemplo, obriga a um certo contorcionismo de leituras, porque o artista não tem uma só 'persona'.
A ideia de que há um enigma, na arte, com solução explícita ou implícita, corresponde a uma visão superficial e de natureza lúdica, como aqueles passatempos que nos desafiam a encontrar as diferenças.
Por outro lado, qual seria a solução de um retrato 'realista', para além da identificação do retratado? Ou, segundo o artista, de uma das suas facetas?
O verdadeiro enigma encontra o seu grau zero na cópia absoluta.
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