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"O estudo da mão fria mostrou que não podemos confiar plenamente em que as nossas preferências reflitam os nossos interesses, ainda que sejam baseadas na experiência pessoal e ainda que a recordação dessa experiência tenha sido obtida no último quarto de hora! Os gostos e as decisões são moldados pelas recordações e as recordações podem ser erradas. A evidência apresenta um profundo desafio à ideia de que os seres humanos têm preferências consistentes e que sabem como maximizá-las, uma pedra angular do modelo do agente racional."
("Pensar Depressa e Devagar", Daniel Kahnman)
A aposta no modelo do 'agente racional' não tem, pois, fundamento científico. Nem connosco mesmos, sem influências externas, deixamos de fazer escolhas erradas. O corpo interfere, sempre.
Mas, em política económica, por exemplo, não seria igualmente pouco avisado equiparar essa falta de consistência das preferências humanas à inércia de um agente físico, sem ter em conta a parte de racionalidade que nelas se encontra presente?
Alguém disse que um louco só precisa de encontrar outro louco igual a ele para 'ter razão'. Claro que um louco solitário pode achar-se com razão, contra o mundo. Mas o acordo com outro ou outros salva-o do puro subjectivismo e legitima um princípio de racionalidade.
Porque somos racionais, os nossos erros podem tornar-se sistemáticos e, logo, mais previsíveis. As nossas emoções podem ser potenciadas nos seus efeitos. Um mau juízo não deixa de consolidar um carácter. As nossas percepções, sem o enquadramento racional, provavelmente, nem deixariam memória, a mesma memória que quase sempre nos trai. Em resultado disto, deveríamos ser também previsíveis. Mas seria preciso que os modelos dessem conta do paradoxo.
A teoria do agente racional representa uma tentativa para nos sujeitar a sistemas especulativos como a economia e a psicologia que requerem uma previsibilidade do tipo da do 'agente racional'.
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