domingo, 8 de novembro de 2015

O PROFUNDO SEM ESPESSURA

O túmulo de Virgílio

"Conseguiremos alcançar, com o nosso trabalho voltado para a terra, essa profundidade infinita entre todas, bem mais profunda do que o mundo subterrâneo, essa profundidade que é ao mesmo tempo a dos mais altos céus?"
"A morte de Virgílio" (Hermann Broch)

Há quem diga que é na superfície que está todo o profundo.
Não por se ter abdicado de procurar um sentido para lá da aparência, mas porque se acredita que o nosso mundo não é mais do que relação de relações.

Para isto coincidir com o kantismo, só falta supor que o nosso mundo não é a realidade das coisas.

Virgílio quer destruir o poema porque vai contra a revelação da sua morte. Porque testemunha contra a verdade para além da beleza e da arte.

É Augusto, no romance, que se ergue contra: "A tua obra é Roma, e por isso um bem do povo romano e do Estado romano, que tu serves, como todos nós temos de o servir... somente o que não está feito nos pertence individualmente, talvez também o acto falhado e infrutífero; mas o que foi de facto realizado pertence a todos, pertence ao mundo." (ibidem)

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