Krzystof Kieslowski (1941/1996)
Explicando o grande plano, em que se vê Julie (Juliette Binoche), em "Azul", embeber de café um torrão de açúcar, Kieslowski diz-nos que a personagem, que acaba de recusar o amor de Olivier e se isola do(no) passado e do acidente que mudou a sua vida, reduziu o mundo àquele pedaço de matéria.
A sua atenção concentrada nesse objecto, não podendo ser mais concreto, e ao mesmo tempo mais abstracto, pelo corte de todas as suas relações com o mundo, é uma verdadeira arma.
A propósito, sabendo da preocupação de Kieslowski em reduzir de 8 segundos para metade o tempo que leva, nessa cena, a osmose do café, porque o espectador não suportaria a demora do grande plano num detalhe como esse, não pude deixar de pensar em como tudo é ético neste cineasta.
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