Na Loja do Cidadão, depois de me guiarem o indicador besuntado para que deixasse no papel aquela marca do Único, do labirinto de linhas tão próprio como o percurso da vida e, no entanto, independente dele e com ele estabelecendo um paralelo, como entre um programa e a sua aplicação.
A tarefa concluída, deram-me um daqueles toalhetes refrescantes que ofereciam dantes nos aviões, para limpar o dedo.
Fiquei a pensar na enormidade do passo que a burocracia acabava de dar diante dos meus olhos.
A supressão do lavatório e da fila para lavar as mãos encurtava estranhamente o tempo, como se tivesse sido extinguido um cerimonial que nos fazia mais conscientes do controle colectivo.
O cidadão aproxima-se, cada vez mais, do consumidor que é o seu novo modelo. O instantâneo ideal e a luta contra a burocracia entram na lógica da sedução.
O "seduzo-te para que compres" prolonga-se no "seduzo-te para que obedeças".
0 comentários:
Enviar um comentário