Persona (1966, Ingmar Bergman) |
"Os Capadócios (Basílio, Gregório e Gregório de Nazianzus) algumas vezes substituiram o termo 'prosopon' ('face', 'máscara') por hipóstase. Traduzido em Latim, tornou-se persona."
"The case for God" (Karen Armstrong)
O sentido desta palavra, 'persona', parece óbvio, chegou até nós enormemente simplificado. Asseptizada da sua história, não deixa de estar associada à máscara, sob a qual o actor representa o seu papel, que é uma ideia muito mais antiga do que a concepção trinitária do Cristianismo (Deus hipostasiado em três 'pessoas').
A máscara nada tem a ver com aquilo a que chamamos personalidade (o que é pessoal é a 'imperfeição', o que parasita o 'mascaramento'). Dando o salto para o que resulta da provável tradução do grego pela via etrusca, surge a palavra pessoa que hoje também nos aparece sem passado. Dir-se-ia que não precisamos de compreender a sua íntima ligação a 'persona' e a uma redutora função da máscara. A máscara não representa, significa.
Afinal, a pessoa de cada um luta contra o tempo e a mudança de sgnificado. Não digo que seja un adereço teatral, mas só ela nos permite assumir uma função social. É que muda tão completamente que se encontra às vezes perto de 'perder a face', ou o discurso, como a Elisabet (Liv Ulmann) do filme de Bergman com o nome do título.
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