terça-feira, 9 de setembro de 2014

PROMETEU

GWF Hegel

 

" Antes das ideias se tornarem estéticas, ou seja, mitológicas, elas não têm qualquer interesse para o povo; e, inversamente, antes da mitologia se tornar racional a filosofia tem de se envergonhar dela."

(G.W.F.Hegel)

Mas em que é que se distinguem as primeiras ideias (que não têm interesse para o povo, segundo o filósofo) das segundas ideias, as da mitologia tornada racional?

É óbvio que as primeiras ideias não são 'abstractas', porquanto nascem de uma amálgama em que as sensações se misturam, como a ideia da coxa surgida do braço do narrador, no sonho de Proust. A mitologia faz sentido desse material, e é isso que atrai o comum de nós, uma história (para todas as idades).

Mas a mitologia e as parábolas com que se simplifica a representação do mundo, e que as próprias crianças entendem, são estranhas ao mundo da acção e da liberdade, tal como as entendemos neste hemisfério. A prodigiosa inquietação do espírito nos Gregos, de resto (et pour cause), os maiores construtores de mitos, iniciou um movimento da razão, como nunca se tinha visto até então.

Hegel quase ofusca no destino desse movimento. Mas já nos afastamos, dele e dos Gregos, em direcção a não sabemos o quê. As incertezas da ciência são o melhor indício. Ao mesmo tempo, a tecnologia parece o novo fogo para assaltar o Céu...

 

 

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