sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O MAGANÃO




"Mas o dinheiro não é um meio de tratar as relações humanas tão seguro como a violência, e não nos permite ele renunciar ao uso demasiado ingénuo desta? É violência espiritualizada."

(Jean Maribini)


Se, por princípio, devemos distinguir o espírito da força, então trata-se de uma violência abstracta, que tem tudo a ver connosco (e a objectividade das forças sociais), mas nada com o princípio, em nós, que nos transcende e remete para uma realidade superior.

O dinheiro, assim, não deixa de ser uma 'conquista' do homem, ao mesmo tempo que denuncia os 'ingénuos' que lhe opõem o eterno moralismo de relento anti-semítico. 

Poderíamos ser 'racionais' (a tradicional distinção que nos permite reinar no planeta) sem racionalizar o mundo, a começar pela violência selvagem e a prepotência do músculo?

Veja-se a 'limpeza' com que actua outra força abstracta, como é a inflação, uma doença do dinheiro, justamente. Nos anos 80, em Portugal, como era fácil empobrecer grande parte da população e aliviar o Estado, sem passar pelo sempre odiado aumento de impostos! Esse 'ajustamento' não tinha que ser assumido por ninguém. O mecanismo era por de mais complexo e aparentemente autónomo para que alguém pensasse em pedir cabeças, com excepção dos que vivem de pedí-las sob qualquer pretexto. Marat teve sempre os seus discípulos de teatro.

Infelizmente, a nova hegemonia europeia não deixou à  'província' esse campo de manobra. A violência perdeu a máscara. Acontece, por vezes, no menos mau dos mundos.

0 comentários: