"A nossa experiência passada não nos apresenta qualquer objecto determinado, e como a nossa crença, por mais ténue que seja, se fixa num objecto determinado, é evidente que a crença não provém apenas da transferência do passado para o futuro, mas de qualquer operação da fantasia conjugada com ela. Isto pode levar-nos a conceber de que maneira esta faculdade participa em todos os nossos raciocínios."
"Tratado da Natureza Humana" (David Hume)
Parece que Hume era uma das leituras favoritas de Luís XVI.
Assim, o seu espírito devia estar dividido entre as máximas jesuíticas, a consciência de rei (a razão de Estado) e a filosofia.
Mas é o filósofo escocês que nos explica que a herança das ideias e o que se experimentou e aprendeu no passado, com os mestres e as cerimónias destinadas a inculcar no indivíduo o espírito colectivo, não são simplesmente "transferidos".
A fisiologia e a imaginação dão-lhes um cunho pessoal, e se são vivas, nem por isso são menos indistintas lembranças do que foram.
Por isso, talvez que as hesitações do rei fossem fruto duma imaginação contrária a qualquer tipo de acção, que transformava as ideias em argumentos da indolência.
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