(André Gide) |
"Gide não se confronta consigo próprio, sucede-se a si mesmo."
(Jean Prévost)
Ninguém pode fazer 'tabula rasa' do seu passado, como quem instala um novo O.S.. E depois há aquele célebre dito psicanalítico do recalcado expulso pela porta e que volta a entrar pela janela.
O confronto entre os princípios e o comportamento pode tornar-se um protocolo que mantém indefinidamente a contradição. E se esta é insolúvel, é como um 'espinho na carne' vivificante (outros dirão simplesmente neurótico).
É este confronto que falta ao autor das 'Nourritures', segundo o seu crítico? Digamos então que Gide convive com o seu 'impasse' sem má-consciência. O que não o faz suceder-se a si mesmo. Não há recomeço. Ele parece viver de acordo com a ideia de que a vida é gratuita e sem dilemas morais, como o Lafcadio de 'As caves do Vaticano': "E, sobretudo, há o jovem Lafcadio o qual, prisioneiro da sua mística do acto gratuito, com a mesma indiferença salva num dia a vida de uma criança e, num outro, mata o pobre Amédée Fleurissoire, sem qualquer motivo." (Wikipedia).
Mas são, talvez, os dilemas estéticos que melhor explicam a sua vida.
0 comentários:
Enviar um comentário