197º Aniversário - Karl Marx - 2015 |
" Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo."
"Teses sobre Feuerbach" (Karl Marx)
A enorme influência de Marx na sociedade contemporânea não pode ser negada, e muito menos pelos seus adversários, pessoas, instituições e até estados, que viram nas suas ideias um retrocesso da civilização e um perigo para a humanidade.
A chamada refutação do filósofo de Trier pelos factos, no entanto, tem sido posta à prova e apresenta indisfarçáveis fissuras. O objecto de estudo do 'Capital' talvez já tenha pouco a ver com as metamorfoses do 'sistema' nos nossos dias. Mas o velho Marx, não já como grande economista (título que, no mundo ocidental, poucos lhe concederam), e antes como profeta, parece erguer-se do túmulo e saltar das T-shirts da pop-arte para a maré suja das opiniões (a 'doxa', bem ou mal desprezada desde Platão).
Talvez este ressurgimento tenha a ver com uma real falta de alternativas e, por isso, não seja mais do que uma pausa na corrida da 'modernidade' para o abismo.
A verdade é que a 11a. tese sobre Feuerbach não foi apenas um clique genial para simplificar a escolha revolucionária. Não nasceu do nada, obviamente, e no fundo representava o 'espírito do tempo' (incluído o do 'capitalismo') com mais eficácia do que os analistas de todos os jaezes o podiam supor.
O enfoque na 'praxis' (a 'transformação do mundo') foi a chave para uma 'caixa de Pandora' que ninguém sabia que se estava a abrir. Não significa o abandono de todo o 'idealismo', de todos os 'pruridos' da filosofia alemã, o derrube de uma das últimas barreiras que entravavam o (futuro) advento da 'Desregulação'? Não se agravaram, incomensuravelmente, os riscos e a falta de controlo a nível global?
A consigna da 'transformação do mundo', por ser necessariamente baseada na 'impossibilidade de saber', libertou as forças contidas no caldeirão das bruxas de McBeth que hoje apresentam as fauces do 'eterno sistema' da 'irresponsabilidade organizada' (Beck).
Como é da praxe, as primeiras vítimas foram os 'revolucionários'. A figura tutelar desse 'sacrifício' continua a ser Saint-Just. O justo feito carrasco e depois justiçado e, a seguir, de uma certa maneira, 'santificado'.
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