sábado, 25 de janeiro de 2014

UM PERIGOSO PODER

A nanorobot surveys the stomach of an astronaut, looking for signs of infectionhttp://www.foresight.org/Nanomedicine/Gallery/Captions/Image194.html


"A sátira e a declamação podem pintar com as cores mais berrantes estes temas óbvios, mas os nossos pensamentos mais sérios respeitarão um útil preconceito que estabelece uma regra de sucessão, independente das paixões humanas; e aplaudiremos de bom grado qualquer expediente que prive a multidão do perigoso, e contudo ideal, poder de se dotar de um chefe."


"Declínio e Queda do Império Romano" (Edward Gibbon)


Gibbon começa por dizer que, de todas as formas de governo, "uma monarquia hereditária é a que parece mais ridícula."

Mas quanto se lhe não perdoa para não se ter de correr o risco dos pretorianos nos imporem o primeiro nobre escondido atrás do reposteiro?

As democracias modernas parecem ter encontrado o melhor dos expedientes. O governo não está para os governados numa relação hierárquica e acredita-se na representação e na delegação do poder.

Se há uma chefia, ela não ousa dizer o seu nome e escuda-se sempre no poder democrático. O apólogo de Menenio Agripa sobre a necessária harmonia entre o estômago e os outros membros do corpo parece ter encontrado a ilustração da sua inanidade, quando todo o corpo é cabeça.

E, no entanto, a ideia do povo soberano talvez não seja mais do que um dogma, necessário aos actuais consensos. Ponto fraco de que a crítica marxista fez um dos seus cavalos de batalha mais consistentes.

 

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