domingo, 5 de janeiro de 2014

O PÃO DA BELEZA

"Chegada de Vasco da Gama à Índia"(A.Roque Gameiro)

"Ao fim de um minuto a beleza inicial
já não é perfeita."

"Uma Viagem à Índia" (Gonçalo Tavares)

 

Simone Weil fala-nos de uma beleza tão essencial que é de comer. Mas 'come-se' essa beleza na pura contemplação e no primeiro momento? Por que é que precisamos de 'saber' mais para continuar essa primeira transformação?

Sempre me intrigou que mesmo o espectáculo do mar, que é tão arrebatador, não resista à invasão do menos perfeito e o primeiro sentimento à indiferença. Deixamos de estar lá. Mas sabemos que alguns levam a contemplação a extremos piedosos. Continuarão ainda na felicidade do primeiro momento? Eu acho que a contemplação dá lugar ao monólogo interior (ou ao 'diálogo' com Deus) que, esse, é infinito.

O que é mais natural é que a 'altura' da beleza não é sustentável por muito tempo. Incorporámo-la (comemo-la) ou não, e depois descemos.

Para mim o melhor exemplo é a música que só recupera a primeira frescura se for condimentada pela curiosidade intelectual ou pela vontade de saber. Até uma informação irrelevante (como um truque para captar a atenção) pode levar-nos a ouvi-la com outro ouvido. E o milagre acontece outra vez.

 

 

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