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"Enquanto os privados devem pagar as dívidas ao longo do seu ciclo de vida, as empresas e os Estados, que não têm um ciclo de vida, não precisam de o fazer. Têm de pagar o serviço de dívida."
(António Horta Osório, em entrevista ao Expresso de 25/1/14)
A honradez e a prudência tradicionais que definiam o homem de 'boas contas' não se aplica às empresas e aos Estados. É um banqueiro que o diz. E com boas razões pois que o crédito (e as 'overdoses' dele) é ainda o negócio da maior parte dos bancos.
As 'boas contas', para os particulares, incluem, pois, necessariamente, o crédito e o 'viver acima das possibilidades' do 'pagamento à vista'.
Quanto aos Estados e às empresas, parece até que nem é de boa gestão viver só com o que se tem, pois poucos são os países sem alguma dívida.
Osório Horta disse algo que toda a gente sabe, e que o ex-primeiro ministro José Sócrates disse, com o escândalo que se sabe.
Quando alguns comparam a economia política à economia doméstica é, pois, 'mentindo com os dentes todos'. E o bom-senso não é para aqui chamado, porque é de ferro a lógica dos 'mercados', e corre sempre para o mesmo lado (às vezes, com a fingida surpresa dos grandes beneficiários do sistema, como se viu agora em Davos).
A 'dose de cavalo' que nos impuseram para merecer a confiança dos donos do casino (e o crédito vive da confiança, mesmo se é nos matemáticos de serviço), em nada parece ter diminuído a dívida, mas a dose pôs a salvo o 'investimento' estrangeiro e garante que, a partir de agora, tenhamos uma dívida 'sustentável'.
Nem todos o disseram, porém.
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