terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A ASMA DE MARCEL

Adrien Proust (Nadar)

 

"Adrien Proust lidava com as anomalias sexuais como um psiquiatra, tratando ao mesmo tempo a mente e o corpo, na firme convicção de que "o estado mental do paciente...determina em larga medida as disfunções dos seus órgãos genitais." Esta mesma crença na importância da mente sobre a matéria levou-o a diagnosticar os implacáveis ataques de asma do seu filho como tendo uma origem psicossomática, uma conclusão que enfurecia Proust e mais tarde afastou um do outro os dois homens."

Proust in Love” (William C. Carter)

Ninguém gosta de ver as suas idiossincrasias (e uma doença psicossomática não tem tantas probabilidades de se confundir com um dos aspectos da personalidade?) reduzidas a um efeito mecânico. E afinal, que nos diz o diagnóstico do doutor Proust? Que a asma do seu filho é psicossomática? Grande novidade. O que é característico da época é que o 'somático' se restrinja aos 'órgãos sexuais'. Conheceria Adrien Freud ou os seus primeiros escritos? É curioso que ambos tenham dedicado a sua atenção à afasia, o pai do romancista, com vinte anos de antecedência.

A asma de Proust é, aliás, uma das 'personagens' da 'Recherche'. Justifica o cuidado dos progenitores e, sobretudo, da mãe/avó. É uma maldição, mas, ao mesmo tempo, um 'título de nobreza' que torna a sua amizade 'preciosa' até para um Guermante como Saint-Loup...

 

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