quinta-feira, 3 de outubro de 2013

PUROS E IMPUROS

Nicolau Maquiavel
"Para ele (Maquiavel), o ponto decisivo era que todo o contacto entre a religião e a política tem de corromper as duas, e que uma Igreja não corrompida, se bem que consideravelmente mais respeitável, seria ainda mais destrutiva para o domínio público do que a Igreja corrompida de então."

Hannah Arendt

É o que se pode ver com o islamismo moderno que só não destruiu completamente o 'domínio público' porque sempre foi incipiente ou de todo ausente nesses estados.

A mais de quinhentos anos de distância, o grande pensador florentino pôde antecipar um facto que, no fundo, nos surpreende a todos. Por que é que, apesar da tecnologia, e do 'contágio' do mundo ocidental, a religião de Maomé parece, a uma grande parte do mundo, uma alternativa 'actual'?

Talvez seja, de facto, que os critérios de 'assepsia' duma doutrina que divide os 'puros e os impuros' não deixe lugar para a política, com a sua arte do compromisso, que é sempre 'suja' aos olhos alucinados que se recusam a viver, com os dois pés, neste mundo.

A separação entre a religião e o estado que é, entre nós, doutrina desde Montesquieu, não garante, como se viu na segunda guerra mundial, a manutenção do espaço político. O nazismo foi uma religião vil e, também ele, destruiu o domínio público.


 

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