Bernardo Bertolucci |
Lorenzo (Jacopo Antinori, com algo do olhar demoníaco do herói da 'Laranja Mecânica'), um adolescente de 14 anos em edipiana atracção pela mãe que se 'esconde' dos outros, mergulhado nos seus 'headphones', decide passar uma semana, alegadamente a fazer ski, refugiado na cave do prédio em que habita. Aí o vem a descobrir a meia-irmã drogada, Olívia (Tea Falco), com quem conhece uma grande intimidade. Prometem um ao outro mudar de vida, mas antes de se separarem e Lorenzo pôr termo às suas 'férias na neve', Olivia retoma, sem o irmão saber, o caminho da auto-destruição. Ele próprio regressa ao 'submarino' musical nas últimas imagens.
Não é um filme tão dependente como "La Luna" (1979) das premissas freudianas. Bertolucci amadureceu a ideia e a tese psicanalítica perde a sua necessidade. Talvez o célebre conflito de Édipo ocupe, ilegitimamente, um lugar real. Mas está em vez de outra coisa que não interessa muito conhecer do ponto de vista dramático. Que esse conflito tenha sido 'substituído' por um quase-incesto sororal mantém a história num dos temas preferidos do realizador. Com a grande vantagem, porém, de Bertolucci já não nos querer chocar.
A ideia psicanalítica é cada vez mais um 'operador' da narração, como o foi em 'Spellbound' de Hitchcock.
Se vier, por isso, a ser considerado daqui a alguns anos como um fime 'datado', sê-lo-á injustamente.
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