"Depois de vários meses de aplicação a todo o instante, Julien tinha ainda o ar de pensar. O seu modo de mexer os olhos e de trazer a boca não anunciava a fé implícita e pronta para tudo crer e tudo sustentar, se preciso fosse pelo martírio. Era com raiva que Julien se via suplantado nesse género pelos camponeses mais grosseiros. Havia boas razões para que eles não tivessem o ar pensativo."
"Le Rouge et le Noir" (Stendhal)
Um homem de génio, mas sem vocação, no meio dos boçais seminaristas de Besançon, apostados em imitá-la, obedecendo "como um pau entre as mãos" do santo padre, para fugir à enxada e "obter um soberbo lugar, em que mandarão como um chefe, longe de qualquer controle."
O espírito jesuítico tem aqui a sua plena demonstração.
A hipocrisia continuada acaba por dar os seus frutos e moldar o interior pelo exterior.
E até o abade Pirard, no entanto suspeito de jansenismo, se surpreende com a dúvida do seu amigo Chélan sobre a sinceridade do seu protegido.
Para que é precisa a sinceridade? Basta a obediência.
Como grandes missionários que foram, os jesuítas tiveram que simplificar a psicologia.
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