sábado, 26 de outubro de 2013

O PAPEL DA FORÇA

Júlio César


"Na Bíblia, os massacres cifram-se geralmente por dezenas de milhar. A exterminação total, num único dia, sem excepção de sexo nem idade, duma cidade de quarenta mil habitantes não é, nos relatos de César, nada de extraordinário. Segundo Plutarco, Mário passeava-se pelas ruas de Roma seguido duma tropa de escravos que abatiam imediatamente quem quer que o saudasse sem que ele se dignasse responder."

"Réflexions sur la barbarie" (Simone Weil)

Simone critica duas opiniões erradas sobre a barbárie. A de que devido "a um demasiado poderio técnico ou a uma espécie de decadência moral" estaríamos a tornar-nos mais bárbaros, e a crença contrária numa "diminuição progressiva da barbárie na humanidade dita civilizada" , perigosa na medida em que "não se procura conjurar o que se crê estar em vias de extinção."

E o pensamento fundamental: "Não creio que se possam formar pensamentos claros sobre as relações humanas enquanto não se puser no centro a noção de força, como a noção de relação está no centro da matemática."

"(...) Eu proporia de bom grado este postulado: é-se sempre bárbaro em relação aos fracos."

Por isso Simone não considera o Estado nazi um exemplo da barbárie, mas de civilização, de baixa civilização, que ameaçava a independência de vários países da Europa.

Talvez seja instrutivo, a esta luz, ler o comportamento da super-potência e verificar como o fim da situação bipolar pode ser um perigo para uma civilização digna desse nome.

0 comentários: