quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A CAVERNA DA PITONISA

"Para ele, falar era uma maneira de satisfazer um desejo violento e esgotante. No mesmo momento, o fenómeno da sua eloquência tornou-se para mim mais compreensível. Os oito ou dez últimos minutos dum discurso assemelhavam-se a um orgasmo de palavras."

Ernst Hanfstaeng (chefe de imprensa do partido nazi)

Hitler era o homem indicado para provocar a grande histeria das massas. As suas palavras e o tom em que as vociferava tinham o seu quê de narcótico e de hipnotizante.

A pitonisa na sua caverna vem-nos à ideia diante das imagens do grande comício de Nuremberga.

O encontro improvável entre a alma germânica e o 'insecto raro' que a devia inocular, como em Proust, no pátio dos Guermantes, foi fecundada a orquídea exótica, podia, de facto, não ter acontecido.

É outra versão da ideia do 'nariz de Cleópatra' referida por Pascal.

Não são as consequências lógicas que escrevem a história, mas a singularidade dos encontros e dos desencontros.

 

 

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