"Hannah Arendt" (Margerete von Trotta) |
Ainda o filme de Margarete von Trotta sobre Hannah Arendt. Ligada ao julgamento de Eichmann, está tambem a questão da atitude ambígua dos conselhos judaicos. Essa atitude estaria entre a zona da responsabilidade e a da indiferença.
Como perfeccionistas da organização, os alemães aproveitaram a força dos laços tradicionais entre os judeus, a sua própria organização, como alavanca para os levar o mais ordenadamente possível para o matadouro. É aí que entram os famosos conselhos.
Não é preciso pensar no privilégio (desde logo o de terem mais probabilidades de salvar a própria vida) que isso representava para os que 'colaboraram' com as autoridades nazis, nem na justificação de esporadicamente poderem intervir a favor de um ou outro judeu. A verdade é que o caos ou a simples desorganização trariam, provavelmente, mais sofrimento desnecessário às vítimas.
Não é absurdo pensar que o mito da superioridade ariana produzisse, naqueles que eram tratados como menos que nada, o desejo de serem dignos ao menos como partícipes da eficiência, mesmo quando era dirigida contra eles.
O filme de Trotta revela como ainda é nova a percepção de Arendt. Porque a incapacidade de pensar, ou a falta de coragem para pensar são de todos os tempos.
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