"O homem não pode permanecer imparcial. [...] Em todas as coisas é preciso tomar partido [...] A Paz é, nomeadamente, objecto de um 'parti pris; ou então não é [...] Um homem é um 'parti pris'. O seu objecto não é saber, não é saber o que é verdadeiro ou falso, mas agir de maneira que o verdadeiro e o falso se mostrem sob uma luz nova... No 'Affaire Dreyfus', não se tratava de ser imparcial. Desde que a justiça esteja em causa, não se tem o direito de ser imparcial. [...] Frente ao pensamento de que um judeu não tem todos os direitos, é preciso saltar. Era preciso contra Hitler um 'parti pris' tão forte como o seu."
"Alain" (André Sernin)
Por aqui se vê como a ideia moderna sobre o jornalismo, em democracia, o deveriam tornar distinto da política e da acção. Mas, de facto, para não falar dos órgãos de partido, que são mera propaganda, a parcialidade da imprensa é só uma questão de grau. E o poder é sempre a 'pedra do escândalo'.
Não é o 'parti pris' pela justiça de que fala Alain, mas o das regras do jogo que se observam no meio. O tempo rapidamente converte 'peças jornalísticas' que na hora da sua aparição pareciam corresponder ao critério da objectividade e da isenção, em algo de irremediavelmente 'enviesado'.
Alain, como jornalista, nos seus famosos "Propos", pôde usufruir de uma inteira liberdade e nunca se dobrou às 'conveniências'. Mal se pode chamar a isso jornalismo, de tal modo tais condições são atípicas. Aí, no jornalzinho de Rouen, pôde ser 'parcial' tanto quanto quis e exercer o seu notável magistério.
É verdade que a desmoralização das elites europeias, a sua falta de convicções fortes, abriu as cidades aos dínamos nazis.
A ideia de que é preciso tomar partido nas questões da justiça vai contra o preconceito moderno de que 'tudo é relativo'. Einstein, para os néscios, parece dar-lhes razão, mas a sua teoria é tudo menos relativista (ou então toda ciência o foi desde o início - medida é relação).
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