"Durante algum tempo, esta horrível superstição foi reprimida, mas voltou depois a irromper; e não só se espalhou pela Judeia, o primeiro foco desta nociva seita, como penetrou em Roma, o asilo comum que recebe e protege tudo o que é atroz. As confissões dos que foram presos revelaram uma enorme turba de cúmplices, e todos foram condenados mais pelo seu ódio à espécie humana do que pelo crime do incêndio deflagrado na cidade."
(Tácito, citado por E. Gibbon em "Declínio e Queda do Império Romano)
Nero, acusado, talvez injustamente, do pavoroso incêndio de Roma, virou-se contra aqueles que, nas palavras do grande historiador latino, "já se encontravam estigmatizados com o labéu de uma merecida infâmia".
A História depois colocou a sede magnificente de tal "seita" no terreno do que foram os jardins do tirano.
Tácito não era um homem injusto, nem exagerado. O que ele chama de ódio à espécie humana era apenas o zelo da reforma cristã, exaltado pela crença de que estava próximo o seu triunfo, com o anunciado fim do mundo.
Nada de mais distante desse espírito do que a Igreja de hoje, pois ela é agora tão conservadora e "romana" como o próprio Tácito.
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