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"O objecto amado é simplesmente aquele que partilhou connosco uma experiência no mesmo momento, narcisisticamente; e o desejo de estar próximo do objecto amado é, primeiro, devido não à ideia de o possuir, mas simplesmente à de deixar as duas experiências compararem-se, como reflexos em diferentes espelhos."
"The Alexandria Quartet" (Lawrence Durrell)
Isto vem a dar no que diz a frase 'insolente' de Lacan: "não há relação". A comparação dos espelhos é, no entanto, mediadora. Esboça-se uma relação indirecta que só se aproxima do desejo de posse através da conotação narcísica. Tudo isto é, no entanto, falocrático.
Por outro lado, podemos encontrar na literatura a figura feminina correspondente. Andrée, uma das 'raparigas em flor' do romance de Proust, dá-nos a ver o que pode ser o outro narcisismo (a menos que queiramos considerar esse traço psicológico da personagem como... masculino).
Andrée, a amiga de Albertine, é incapaz de considerar qualquer prazer da sua amiga, causado por um favor ou uma prenda de terceiros como justificado. O seu 'pecado favorito' é ver a alegria no rosto de Albertine causada por um gesto seu. É isto uma pessoa egoísta? Mas se ela gosta de ver os outros felizes...
O caso é que só lhe interessa a felicidade por si provocada. Como o 'santo' que trabalhasse para uma carreira.
Toda a outra felicidade lhe causa ciúme e tristeza.
Podemos perfeitamente encaixar aqui a imagem dos espelhos de Justine, em Durrell.
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