terça-feira, 24 de setembro de 2013

QUESTÕES

Bruno Bauer

"Em França, a liberdade universal não é ainda lei, e a questão judaica também ainda não está resolvida, porque a liberdade legal, isto é, a igualdade de todos os cidadãos, surge coarctada na vida, por enquanto dominada e fragmentada por privilégios religiosos, e porque a falta de liberdade da vida influencia a lei, obrigando-a a sancionar a divisão dos cidadãos, que em si são livres, em opressores e oprimidos."

Bruno Bauer ("Die Judenfrage", citado por Karl Marx )

Como se vê aqui, a liberdade é dogmaticamente equiparada à liberdade. Como a religião cristã e a religião judaica ofendem essa igualdade, permitindo toda a espécie de divisões e de privilégios, a liberdade, em França, apesar de estar nas palavras de ordem da Revolução Francesa, não era ainda lei.

Marx distancia-se desta opinião de Bauer: "O judeu alemão, em particular, sofre da geral carência de emancipação política e do acentuado cristianismo do Estado. Mas, na acepção de Bauer, a questão judaica tem um significado geral, independente das condições especificamente alemãs. É o problema da relação entre religião e Estado, da contradição entre preconceito religioso e emancipação política. A emancipação da religião põe-se como condição, quer ao judeu que aspira à emancipação política, quer ao Estado que o deveria emancipar e emancipar-se a si próprio." (Karl Marx in "Die Judenfrage")

A solução para a 'questão judaica' torna-se, assim, um mero afluente da grande corrente da emancipação universal.

A abusiva (em ditadura todos são iguais na servidão) comparação da igualdade à liberdade mantém-se. Os problemas (como a 'questão judaica') são resolvidos 'em efígie' no futuro, quando a 'verdadeira' igualdade for estabelecida.

O 'pintor frustrado' de Viena levou a vias de facto a mais absoluta das igualdades: a das pazadas de terra sobre os gaseados.

Nem a 'burguesa' igualdade perante a lei é efectiva sem a liberdade para os que acreditam nela a defenderem.

 

 

 


 

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