"Se não tivesse sido criada no bom momento, graças a certas circunstâncias históricas, uma burocracia eclesiástica e politicamente eficaz, por pouco não nos restariam quaisquer traços do cristianismo..."
Robert Musil ("O Homem Sem Qualidades")
São palavras de um conselheiro. Tuzzi é do género de pessoas que só acredita no que vê. O seu realismo é aparentemente sólido. Tal como Arnheim, outra personagem com imenso sucesso na política e nos negócios. Também ele imaginava: " o cérebro da época substituído pelo sistema da oferta e da procura, o pensador laborioso pelo comerciante soberano."
Um século depois, o economista tornou-se o oráculo da época. Ganharam os Tuzzi e os Arnheim.
O edifício milenar da Igreja, a perenidade dos ritos, são a prova provada da sua teoria. Imaginam que se a Igreja tivesse deixado passar o 'bom momento', em que pôde infiltrar a estrutura do império romano, o mundo teria de conhecer uma religião após outra, em vez de assistir ao triunfo do cristianismo e a uma longevidade sem exemplo.
Mas por que não poderia ser cristã tal sucessão? As religiões do Oriente sobreviveram à falta de uma burocracia tão eficaz 'eclesiástica e politicamente.'
Falta saber qual foi a vantagem 'técnica' e política da organização romana e da sua fixação no tempo, e se essa referência estável não estará por detrás do desenvolvimento europeu?
Tuzzi e Arnheim são verdadeiramente funcionários do grande movimento histórico.
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