"A Razão ocidental edificou-se quando Platão lançou as suas bases em reacção ao questionamento radical e infinito de Sócrates."
( Michel Meyer: "Principia Rhetorica")
Esquecemos, muito naturalmente, que aquilo a que chamamos Razão corresponde apenas a uma tradição filiosófica, e gostamos de pensar que a razão noutras latitudes se manteve sempre mais próxima da 'natureza', como o nosso 'senso comum'.
Mas não foi por acaso que os progressos da ciência, tal como a praticamos, foram mais espectaculares precisamente no terreno já preparado por essa tradição do pensamento.
Nada foi inútil, desde a sofística grega às disputas teológicas, coisas o mais afastadas possível da ciência que 'transforma o mundo, em vez de interpretá-lo' (perdoem-me a glosa marxista), mas não da sua lógica nem da sua retórica. A Idade Média, ao contrário do chavão, aperfeiçou a ferramenta helénica através da linguagem e da especulação teológica. O desafio do espírito divino foi a sementeira das futuras teorias e especulações sobre a própria matéria.
Mudando agora para um campo completamente diverso, é tentador ver nas actuais disputas sobre o económico, como diria Alain, uma nova teologia, a prenunciar, talvez, uma nova abertura, a qual, na verdade, faz falta às ciências sociais.
0 comentários:
Enviar um comentário