segunda-feira, 8 de abril de 2013

A CHITA

 

A televisão é a verdadeira "mão atrás dos arbustos". Na sua segunda aparição, depois do 'ano sabático', José Sócrates provou-o, à sua custa.

Não é o facto da sua 'estratégia' ter ficado desactualizada com o chumbo do TC (por uma vez estou de acordo com o 'jornalista chamado Valente'), nem de a grande expectativa, em relação ao que tinha a dizer depois de uma sábia (e calculada) contenção de dois anos, não poder confrontar-se com o inevitável 'déjà vu'.

Nesta entrevista, em que mostrou, mais uma vez, intensidade e determinação (fazem rir os que o acusam de arrogância e má-educação para com o jornalista de serviço, como se o 'mestre' nestas artes, Marcelo, não seguisse sempre a direito, sem ligar às interrupções, quase sempre inócuas - para mostrar que estão vivos -, ou estupidamente 'enviesadas' de alguns entrevistadores, a câmara surpreendeu um outro José Sócrates (alguns apressar-se-ão a dizer que é o 'verdadeiro'), muito diferente daquele que revela o seu olhar, extremamente educado para a arte política, em que a emoção controlada e a convicção 'que move montanhas' se aliam para uma prestação quase sem defeitos 'televisivos'.

Mas eis que, sem dúvida por 'artes do diabo', somos levados, 'levados sim' a espreitar por um ângulo inusitado e quase incompreensível (não fossem as ditas artes): vemos o sincero e inteligente ex-primeiro ministro, focado detrás, a três quartos (o contrário do que Leonardo fez com a 'Gioconda'), numa atitude de chita lançada sobre a presa, curvado, mas de músculos retesados.

É por certo o tão falado 'animal feroz' (que, no entanto é desmentido pelo nariz desgraciosamente caricaturável), e foi aparentemente captado graças apenas à ''neutralidade" da técnica.

 

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