"A geometria foi-me explicada no liceu por um homem escrupuloso que, ele, sabia brandir a prova acima da experiência...
(Alain)
Porque a geometria, tal como a matemática, só se prova a ela própria, independentemente da experiência. Se os nossos cálculos falham é porque não estão bem feitos. É por isso que a mais perfeita das fórmulas não tem como premissa nem como conclusão qualquer correspondência com a realidade.
O que maravilhava Einstein era que, apesar disso, o mundo parecesse ser compreendido pelo nosso cérebro. Conseguimos proezas de antecipação e coincidência com o nosso sistema astronómico. Como é que a 'geometria' está 'acima da experiência' quando já deixámos, por exemplo, a nossa pègada na lua?
É como se o platonismo, o facto de 'sabermos' (ou recordarmos) mais do que podemos pensar, nos começasse só agora, quando temos a técnica para fazer a experiência extraterrestre, a revelar os seus segredos...
Aquilo que a filosofia chama de Natureza não pode ser tão diferente de nós, como quer a tradição dualista. Não somos apenas parte, o nosso cérebro não lhe é estranho. Nem a treva que o sujeita, nem a luz que acende por dentro o universo.
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