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"As mulheres dotadas são observadoras impiedosas dos homens que amam; simplesmente, elas não têm teorias e não fazem qualquer uso das suas descobertas, a não ser que estejam exasperadas."
("O Homem Sem Qualidades", Robert Musil)
As 'teorias' simplificam a vida, mas reduzem a nossa percepção do mundo. De resto, não poderíamos viver em constante descoberta, por muito que isso nos custe a admitir. Em vez de encontrar um novo ser a cada momento, servimo-nos do modelo mais ou menos acabado que construímos dentro de nós. São ideias da caverna platónica, mas permitem-nos ter outros interesses.
Ora, o pensamento de Musil (ou da sua personagem) é, na verdade, muito lisonjeiro para o 'sexo'. Mas Sigmund (como Freud) pode também ir na outra direcção:"Tratam-se os choros e os altos gritos das mulheres sempre a partir do mesmo ponto, para falar educadamente!"
Os homens que 'teorizam' (em princípio todos, ou não fossem, segundo o estereótipo o sexo activo; teorizam para não pensar demasiado no caso) são os mesmos que se dividem, na política, em 'pragmáticos' e doutrinários. Os primeiros só quando se zangam é que revelam as teorias de que é feito o seu pragmatismo.
Resumindo, não posso esquecer, especialmente tratando-se do cônjuge, o ditado que reza que 'santos da casa não fazem milagres'. Isto indubitavelmente significa que a família nuclear vive imersa em 'teorias'.
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