terça-feira, 9 de abril de 2013

A VIDA ETERNA

Píndaro (518/438 AC)


"Não aspires, minha alma, à vida eterna, mas explora o campo dos possíveis."       (Píndaro)                                                                                                                           

Que programa para um poeta! Não está a alma para além do possível e do impossível?

Talvez Píndaro esteja a pensar nos jogos de Olímpia a quem dedicou os seus epinícios e as suas 'Odes triunfais'. O atleta, certamente, não pode descurar os limites do corpo, mas se a fama e a glória não lhe derem asas, poderá ser mais do que o albatroz de Baudelaire?

Tal como somos feitos, as distâncias e as metas a alcançar não podem ser números apenas; se não fosse o prestígio, nem faríamos o esforço. É por isso que quando dizem que os célebres 99% de suor, com que alguns artistas explicam uma obra admirável, seriam pura e simplesmente estéreis sem a 'aspiração à vida eterna'. Bach é o melhor exemplo. A sua modéstia impede-o de reconhecer que obedecendo a Deus se transcende no trabalho.

Alain não acreditava que se pudesse aprender por meio da distração e do jogo. Um divertimento depressa cansa e queremos passar a outra coisa. É a vontade que nos faz perseverar. Compreender esse esforço é pois verdadeiramente aprender (e apreender).

Mas vencer a dificuldade é muito diferente de 'explorar o campo dos possíveis'.

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