quinta-feira, 11 de abril de 2013

ALQUIMISTAS

(Mioara Mugur-Schächter)

 

"Além disso, e é isso que é verdadeiramente importante, num modo de proceder construtivista como o que proponho, é 'inadequado' perguntar-se se 'existe' ou não uma metaforma que corresponde ao fenómeno aleatório considerado. Essa pergunta não tem resposta porque é uma pergunta ilusória. Não se trata de 'descobrir' uma qualquer preexistência platónica. 'Onde' poderíamos procurá-la? Ela não 'está' em parte alguma. Trata-se de encontrar a maneira de 'construir', com os materiais factuais de que se dispõe, uma metaforma que convenha. Não é um problema de 'saber' que se põe, mas um problema de construção, de integração semântica. Se trocamos o problema, enterramo-nos e ficamos imobilizados."


(Mioara Mugur-Schächter)

 

Não interessa, pois, saber se as coisas existem para lá das formas e das fórmulas. O método experimental que nos segurava a uma espécie de realidade aferida pelo homem 'total' (em corpo e em espírito), no bem chamado 'construtivismo' científico é substituído pela coerência semântica.

O que é, de facto, espantoso é que este método resulte numa inegável eficácia, no mundo e no nosso cérebro, equivalente à eficácia mitológica das antigas sociedades mas que, graças aos desenvolvimentos tecnológicos, passou a um regime velocidade alucinante na história.

Será caso para relevar a conhecida dicotomia entre poder e saber de que foi expoente o século passado, quando os estados se viram com meios de destruição e de opressão nunca imaginados antes, ao mesmo tempo que lavrava a confusão dos espíritos e o infantilismo doutrinário?

Ao perder-se a 'medida humana', aquela que podemos compreender e abarcar com os nossos sentidos, parece evidente que os avanços do tipo 'construtivista' nos contam, mais uma vez, a história do aprendiz de feiticeiro.

A alquimia está de regresso, visto que, inequivocamente, acreditamos no oiro.

 

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