terça-feira, 30 de abril de 2013

O VÉU DE MAIA

Andy's Cambodia

 

"Eu diria antes que é provavelmente impossível reclamar, sensatamente, a possibilidade de se estar no centro das coisas, de conhecer a intimidade intacta da vida (se se entender esta palavra não num sentido sentimental, mas na significação que lhe demos."

("O Homem Sem Qualidades", de Robert Musil)


Este conhecimento íntimo só pode ser suposto na imersão do indivíduo em qualquer estado de êxtase ou de dissolução, o que é, evidentemente, um conhecimento paradoxal, em que o intelecto se despoja das suas armas nas margens daquilo que o submerge.

É o sinal de que deve existir um outro tipo de conhecimento, 'activo' e instrumental, que tem a ver com a nossa projecção no mundo, a nossa silhueta ondulando pelos acidentes do terreno, que só nos permite um contacto exterior com um lugar e um tempo. É esse o domínio da razão geométrica e da linguagem.

Nós Ocidentais, chegamos a um ponto tal da nossa evolução que o 'conhecimento íntimo' se tornou numa ilusão e num anacronismo. E o 'véu de Maya' de que fala o hinduísmo se coseu à realidade, representando-a no seu todo.

 

 

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