"Robinson Crusoe" |
"Alain é daqueles que sabem que crêem, e não daqueles que crêem que sabem."
(André Sernin)
A maioria das pessoas julga que a crença é assunto de religião (ou de superstição) e que o conhecimento se basta a si próprio.
Mas não é preciso chegar às negativas alturas de um Gödel para perceber que nenhuma prova é suficiente, "quando um homem se põe a pensar."
A opinião comum é uma espécie de bússola. Pode-se encontrar uma 'verdade' estatística das opiniões, como a formulada por Rousseau, quando disse que as opiniões contrárias se equilibram, na 'vontade soberana' do povo. É outra versão da "Mão Invisível" de Adam Smith, que já vimos que tem as suas limitações (para ser brando).
Ora, quando seguimos a opinião (a 'doxa' de Platão), cremos, sem dar por isso, na 'evidência' do grande número. E a verdade é que não podemos passar sem esse tipo de crença.
Os fiéis duma religião crêem, e a prova de estarem 'religados' é poderosa. E a experiência política diz o mesmo. Um partido fabrica a sua própria evidência. O mundo necessariamente fechado dum partido ou dum sindicato, por exemplo, é forte por isso, por essa separação entre os que estão dentro e 'lutam' pelo interesse colectivo, e os 'leigos', ou os adversários cujos movimentos definem a sua acção e a sua 'consciência'.
A ficção de Robinson Crusoé assenta na esperança dum regresso ao mundo das crenças colectivas. Mas o tempo trabalha no outro sentido. Se nenhum navio resgatasse o náufrago e o improvável 'Sexta-feira', o próprio pensamento morreria, por falta de 'apoio moral'.
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