domingo, 10 de fevereiro de 2013

O MENTOR




Se "O Mentor", o filme de Paul Thomas Anderson, é um exemplo de como nascem algumas seitas nos EUA, aspirando, em volta dum líder nem muito dotado, os destroços da sociedade, como Freddy Quell, a personagem interpretada por um Joaquin Phoenix surpreendentemente 'físico', temos a medida tanto do vazio dessas vidas como do que o preenche.

Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman) é o autor dum livro de sucesso sobre as nossas sucessivas reencarnações e 'viagens no tempo'. Quell, um ex-'marine' neurótico e temperamental encontra-o quando o 'guru' se defronta com a impossibilidade de dar continuidade ao primeiro volume e à representação do seu papel de inspirador do grupo. Os dois homens são, no fundo, complementares. Quell não precisa de acreditar na 'banha da cobra' do seu mentor para se comportar como um fiel indefectível e guardião da 'ortodoxia', sovando toda a espécie de críticos. Dodd retribui com uma amizade especial e a cumplicidade do álcool, defendendo-o da equipa dos 'gestores', encabeçada pela sua mulher.

Mas chega a hora da separação depois de tantos desmandos do ex-'marine'. A administração da seita toma o controlo do negócio, 'domesticando' o próprio chefe que, na entrevista final com o 'alter-ego', lhe diz que temos todos de obedecer, de uma maneira ou de outra, e ele, Quell, precisa de escolher.

Quell prefere sonhar ao lado da sua mulher de areia.

Castrado o líder, a seita pode, enfim, prosperar na sua sucursal inglesa, desenvolvendo, com a seriedade necessária, as técnicas aproximativas do mentor.

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