Il Paradiso |
Dante "evitara o xeque da poesia fazendo precisamente poesia do xeque, que não é poesia que quer dizer o indizível, mas poesia da impossibilidade de dizê-lo."
(Umberto Eco)
E Eco dá o exemplo do último canto do "Paraíso", em que o poeta, "no momento em que pôde fixar o olhar na divindade", "não consegue dizer-nos outra coisa senão que não o consegue dizer"
Para aplicar um termo da economia, que 'produtividade' é esta da poesia que não sofre com a incapacidade de dizer? Como se o que tivesse diante dos olhos fosse sempre o pretexto da sua 'fábrica'.
Podendo "fixar o olhar na divindade' segundo as palavras de Eco, quer dizer não cegando por esse facto, nem sentindo o teatral pavor do camponês diante do Rei Sol, fica é sem palavras para dizer o quer que seja (pois é o Ser que contempla, antes de qualquer 'determinação') e vira-se então para dentro, para si próprio e descreve o que sente, a impossibilidade do mundo fundar a linguagem.
É uma boa descrição da natureza da poesia.
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