sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A MORAL DOS KAMIKAZE







"Toda a nossa cultura não é mais do que um imenso esforço para dissociar a vida da morte, conjurar a ambivalência da morte em único proveito da reprodução da vida como valor, e do tempo como equivalente geral. Abolir a morte, é o nosso fantasma que se ramifica em todas as direcções: o da sobrevivência e da eternidade para as religiões, o da verdade para a ciência, o da produtividade e da acumulação para a economia."


Jean Baudrillard ("A troca simbólica e a morte")




A realidade da outra vida, que para nós, ocidentais, não tem valor fiduciário, senão como símbolo, no sentido figurado, para estes filhos de Agar que explodem no paraíso dos crentes, com os irmãos xiitas que se encontravam na mesquita, é tão ou mais real do que a realidade.


A equivalência entre o aquém e o além tem como resultado um manifesto desprezo pela vida - a sua e a dos outros, que passa a ter tanto valor como uma ideia ou uma promessa.


Não se podia conceber maior desmentido do materialismo. Ou, para dizer como Baudrillard, como os contrários são reversíveis um no outro.

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