segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A COR DO GATO



"(...) talvez se tenha de estar preparado para admitir que hoje é um sinal de progresso, e mesmo uma libertação, se as condições básicas da nossa vida já não são decididas pelo voto popular..."

(Robert Menasse, citado por Hans Enzensberger in "Brussels the gentle monster")


Depois de observar de perto a organização e o modo de funcionamento das instituições da União Europeia, o autor conclui que o chamado 'défice democrático' da UE, mais do que um defeito constitucional é algo que está inscrito nos genes da União o que, compreensivelmente, facilitou, desde o princípio, os avanços da organização. Como homem pragmático que era, o próprio Jean Monnet nunca fez disso uma questão.

Continua Menasse: foi então que "me ocorreu o pensamento, de que a democracia clássica, um modelo desenvolvido no século dezanove para a organização racional dos estados-nação, não pode simplesmente ser aplicado numa união supra-nacional e, na verdade, talvez a impeça."

Em termos de democracia política, a tríade constituída pelo Parlamento, o Conselho e a Comissão, como diz o autor, produz um 'buraco negro'. A questão que se põe é se isso é um 'sinal de progresso' paradoxal e 'indigerível' pela cultura democrática.

Eu estou pronto a admitir que não é nada certo que a democracia, tal como a conhecemos, fosse melhor solução, no caso chinês, do que a actual política do PC. A democracia que vier, que for conquistada, será muito mais autêntica, porém, do que um decreto libertador.

A 'cor do gato', nesse país, continua a importar pouco. Um dia mudará a cor, por senso comum e conformismo, e o gato continuará a caçar ratos.

Mas na paleta disponível, a cor do gato europeu é também um problema.

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