sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A TEOLOGIA DO INTERESSE

Claudete-Adrien Helvétius (1715/1771)



"Se o universo físico está submetido às leis do movimento, o universo moral não o está menos às do interesse."
(Helvetius)

Este lugar-comum, anterior ao marxismo e à economia política por este influenciada, explica por que é tão natural que a doutrina da economia como "última instância" seja tão popular e por que os economistas sejam os sacerdotes desta nova teologia.

Diz Alain, na esteira de Comte, que o inferior suporta o superior, o que não é bem a mesma coisa. Em relação a este 'inferior', com mais propriedade, se podia dizer que o o átomo (não aprofundemos mais) é a 'última instância', mas isso parece-nos incrível porque essa 'ínfima porção' não pode ser a Causa que tanto tem preocupado os filósofos desde a alvorada ática.

Claro que talvez seja mais razoável partir da sociedade, como a 'origem' do homem. Será então esse o clarificador da 'última instância'? Será a economia mais 'básica' para a sociedade do que, por exemplo, a língua? Será que as nossas ideias sobre a economia são de somenos na prática da economia? Haverá uma economia, por assim dizer, natural? Qualquer coisa que pudesse ser estudada como estudamos a física? Por absurdo que pareça, a escola económica dominante funciona como a física teórica, dispensando bem as provas da realidade.

O século XX foi, nesse sentido, o mais anti-económico possível. Os totalitarismos fizeram completa abstracção do interesse económico e mesmo de qualquer interesse vital.

Enfim, o lugar-comum sobre a economia vale aquele outro sobre as leis do movimento.

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