Régis Debray |
""Somos todos mentiras que falam verdade". A confissão que Jean Cocteau punha na boca dos poetas, não poderia ter sido antecipada pelos fundadores da religião, os profetas e todos os administradores do sagrado colectivo, laico e clerical, que fazem reluzir uma grande promessa nas suas prédicas e sermões?"
Régis Debray ("O fogo sagrado")
Debray reincide nos caminhos do divino, depois de "Deus: um itinerário" com "O fogo sagrado".
Uma profusão de fórmulas brilhantes, estonteantes, documentos, ao encontro desta pergunta que crentes e não crentes se fazem hoje em dia sobre o significado da permanente actualidade e vitalidade do fenómeno religioso, num mundo dessacralizado, que mergulha no ambiente da tecnologia e duma ciência consensual mesmo entre culturas inimigas.
O autor, através da análise das irmandades, hostilidades, identidades e unidades, à procura das raízes da religião pela qual os homens escolhem o invisível e o irreal em detrimento do que é o domínio da ciência, na aparência triunfante.
E afirma que no princípio talvez não seja o Verbo, mas o Outro, frente ao qual a distinção é uma questão de vida e de morte. A religião radicaliza e diferencia, ao mesmo tempo que proporciona a coesão dos seus fiéis. A Razão como unificadora, em comparação, é inoperante como o verificaram os jacobinos de Robespierre.
Análise sedutora mas redutora? Porque ao mesmo tempo que vemos o motor, como pode funcionar a religião e como os homens, através dela, negam e afirmam, sabemos que isso não é tudo e que talvez não seja o essencial.
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