Simone Weil (1909/1943) |
"Ela acabou por considerar as metáforas sexuais como
legítima propriedade da experiência mística e teria talvez admitido alguma
verdade mesmo nas mais lúbricas hipóteses da psicanálise."
(Thomas Nevin, "Simone Weil, Portrait of a self-exiled Jew" )
A 'biografia' de T. Nevin sobre Simone Weil é notável a
diversos títulos, mas o mais interessante é sem dúvida, sendo ele
americano, o seu ponto de vista
'exótico' em relação à tradição espiritual francesa.
O que ele diz acima baseia-se num preconceito fortemente
'materialista' que serve com demasiada facilidade à sua 'iconoclastia' daquela tradição espiritual e mística.
Os americanos, como sabemos, são muito dados a todas as
formas sociais da religião. O seu proselitismo religioso é o mesmo que vemos na
política. Estamos habituados a ver nas nossas ruas esses pares de jovens que
levam 'the good word' a todo o mundo, inconscientes de que a sua ingenuidade
possa parecer a muitos sinistra.
A expressão de Nevin sugere que a paixão de Simone por
essa figura de Cristo já anunciada pela Grécia, a sua 'queda' no misticismo,
enfim, tem a natureza duma 'sublimação'
sexual. Para uma mentalidade assim, o facto de ser muito provavelmente virgem
explica muita coisa. Na verdade, explica talvez demasiado.
Parece que a mesma condição ou a total abstinência nunca
prejudicaram (antes pelo contrário) qualquer das personalidades masculinas que
a Igreja ou o povo santificaram.
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