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Como dizia um especialista em demografia aquando dum
colóquio realizado este ano na Gulbenkian: "A média actual é de 1,3 filhos
por mulher em Portugal, quando na Europa é de 1,6. Há trinta anos que o país
não consegue garantir a renovação natural da população (...)"
Mesmo que a crise económica seja superada dentro de meia-dúzia de anos, este desequilíbrio demográfico 'cortar-nos-á as asas'.
Dir-se-á que este é um problema sócio-cultural e que os
governos pouco podem fazer para inverter o processo de definhamento
colectivo. Contudo, esta tendência, que já existe há trinta anos, foi
dramaticamente agravada com a emigração dos jovens ("segundo o secretário
de Estado José Cesário, 650 mil portugueses terão emigrado nos últimos 5 anos,
isto é, 130 mil/ano, enquanto que nos anos de 1960-73, os da guerra colonial,
emigravam 100 mil/ano;" Manuel Loff no Público) e com a falta de emprego ou a
precaridade deste, quando existe. É evidente que não estamos condenados a uma
'sangria desatada' e não teremos que chegar a 2100 com metade da população. Mas
faz falta uma política demográfica que deverá repensar o papel do Estado no
estímulo duma cultura favorável ao rejuvenescimento do país, sem se embaraçar
com modismos do 'politicamente correcto' ou posições de falsa independência em
relação ao que depreciativamente se chama de 'bem comum'. Foi um dos estigmas
mais nocivos, porque infelizmente associado à retórica do salazarismo, o de ficarmos
por muitos anos inibidos de recorrer a uma qualquer tradição. O regime anterior
que, ironicamente, se reivindicava das raizes nacionais tornou-se com a
revolução política a principal causa do desenraizamento.
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