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"A diagonal métrica foi historicamente vivida como o
drama do irracional e evidente morte do pensamento puro (...);"
"As Origens da Geometria" (Michel Serres)
A descoberta dos números irracionais (como a raiz
quadrada de dois) teria causado o pânico na Antiga Grécia, se não fosse uma
espécie de choque apenas para uma elite.
Não causou, e o pensamento ocidental pôde desenvolver um
racionalismo estrito que atingiu o seu acume com figuras como Descartes.
Os matemáticos puderam ir tão longe na ordenação do
mundo, deixando em surdina esta contradição de fundo, quanto os físicos puderam
construir um cosmos sem intempestivas complicações, pouco mais longe se
aventurando na profundidade da matéria do que o filósofo que, tendo de
prescindir de toda a experimentação, inventou a palavra átomo. Outro 'erro'
fecundo.
Agora, passados os tempos dessa ingenuidade, é ainda
possível 'salvar' a razão se nos mantivermos em contacto com o passado ( e a
infância da humanidade). Mas talvez que o que esteja em causa não seja
acomodar-nos à contradição, mas procurar uma racionalidade superior: "superar a irracionalidade por uma racionalidade mais elevada do que a de Euclides" (ibidem)
Mas é de duvidar que o nosso cérebro possa ser a única
sede dessa racionalidade.
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