quinta-feira, 1 de novembro de 2012

FORÇA POLÍTICA

Os Filipes



"O poder é aquilo que mantém o reino público, o espaço potencial de aparecimento entre homens que agem e que falam, em existência. A própria palavra, o seu equivalente em Grego 'dynamis'...indica o seu carácter 'potencial'. O poder é sempre, podia-se dizer, um potencial de poder e não uma entidade imutável, mensurável e confiável, como a força ou o vigor ('strength')."

Hannah Arendt


Esta é uma das ideias mais obscuras de Arendt. Mas a necessidade de distinguir, por exemplo, a violência dum regime político (mesmo o melhor de entre eles), que se pode verificar no limite do legítimo e do ilegítimo, porque as leis são gerais e, duma maneira ou doutra, inadequadas ao caso concreto, da violência criminosa ou passional, justifica que haja mais do que um sentido na palavra poder.

É mais uma discussão sobre a justiça que neste momento se trava em Portugal, em campos separados e desavindos. Se o regime com isso perder a unidade (ou o consenso mínimo), podemos esperar o pior.

Estamos a ser objecto de grande violência por parte da Europa que põe e dispõe do governo. O seu 'protectorado' torna-se insuportável. Mas o domínio dos Filipes durou mais de 60 anos e não fomos nós que pedimos a 'integração' em Castela.

O regime modificado por essa intervenção europeia pode já nem merecer sequer a definição de poder. O poder estará do outro lado. Deste, só sentimos a força das bastonadas.
  

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