Os Filipes |
"O poder é aquilo que mantém o reino público, o
espaço potencial de aparecimento entre homens que agem e que falam, em
existência. A própria palavra, o seu equivalente em Grego 'dynamis'...indica o
seu carácter 'potencial'. O poder é sempre, podia-se dizer, um potencial de
poder e não uma entidade imutável, mensurável e confiável, como a força ou o
vigor ('strength')."
Hannah Arendt
Esta é uma das ideias mais obscuras de Arendt. Mas a
necessidade de distinguir, por exemplo, a violência dum regime político (mesmo
o melhor de entre eles), que se pode verificar no limite do legítimo e do
ilegítimo, porque as leis são gerais e, duma maneira ou doutra, inadequadas ao
caso concreto, da violência criminosa ou passional, justifica que haja mais do
que um sentido na palavra poder.
É mais uma discussão sobre a justiça que neste momento se
trava em Portugal, em campos separados e desavindos. Se o regime com isso
perder a unidade (ou o consenso mínimo), podemos esperar o pior.
Estamos a ser objecto de grande violência por parte da
Europa que põe e dispõe do governo. O seu 'protectorado' torna-se insuportável. Mas o
domínio dos Filipes durou mais de 60 anos e não fomos nós que pedimos a
'integração' em Castela.
O regime modificado por essa intervenção europeia pode já
nem merecer sequer a definição de poder. O poder estará do outro lado. Deste,
só sentimos a força das bastonadas.
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