James Joyce (1882/1941) |
Nunca imaginei que Joyce e Proust tivessem alguma vez estado juntos num táxi. Tinham assistido no Ritz, em Paris, a uma homenagem a Stravinsky e Diaghilev e trocaram então breves palavras. À pergunta de Marcel se Joyce conhecia o duque de tal, foi-lhe respondido que não. E o mesmo monossílabo foi a resposta do dono da mais sumptuosa das prosas à pergunta da anfitriã sobre se tinha lido tal passagem do “Ulisses" (contado por Joyce, segundo Alain de Botton).
Proust ia morrer nesse ano (1922) e Joyce acabava de publicar a sua obra-prima e ia lançar-se no oceano do “Finnigan’s Wake” (uma história universal, nas suas palavras).
Nesse improvável encontro, pensamos no desperdício, na ocasião perdida. Pois podemos imaginar o que os dois maiores autores do século teriam a dizer um ao outro.
Proust não teve tempo de ler o “Ulisses” e, numa entrevista, também em 1922, Joyce lamenta que o autor da “Recherche” tenha abandonado o seu primeiro estilo.
Mas duas religiões podem de facto dialogar? A tolerância, esse conceito tão politicamente correcto, é sequer pensável em autores que se consumiram na sua obra?
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