Porta do Baptistério de Florença (Ghiberti-"Jacob e Esaú")
Jacob obteve a bênção do pai através dum artifício, assim fazendo preterir os direitos do primogénito (Esaú). E a questão não está em saber se o gémeo era ou não indigno (na sua simplicidade, trocou esse direito por um prato de lentilhas).
Nada disto seria extraordinário, se Deus pudesse ser ludibriado como o seu servo Isaac. Assim, só se pode entender a história pelo favoritismo divino.
Como se vê, o coração puro e a honestidade não são, na Bíblia, valores absolutos. Ao direito, sobrepõe-se, a profecia e o que agrada a Deus.
E é também o caso da figueira que foi amaldiçoada por ser aquilo que tinha de ser e não poder dar figos fora da estação.
E pode dizer-se que a outra bênção que Jacob arrancou do Anjo, com quem lutou até ao romper da aurora, foi a confirmação da primeira violência.
Como se não se pudesse iniciar nada de novo sem o que aos olhos profanos parece uma injustiça.
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